2010-01-07

Uma Flor de Verde Pinho - Carlos do Carmo



Eu podia chamar-te pátria minha
dar-te o mais lindo nome português
podia dar-te um nome de rainha
que este amor é de Pedro por Inês.

Mas não há forma não há verso não há leito
para este fogo amor para este rio.
Como dizer um coração fora do peito?
Meu amor transbordou. E eu sem navio.

Gostar de ti é um poema que não digo
que não há taça amor para este vinho
não há guitarra nem cantar de amigo
não há flor não há flor de verde pinho.

Não há barco nem trigo não há trevo
não há palavras para dizer esta canção.
Gostar de ti é um poema que não escrevo.
Que há um rio sem leito. E eu sem coração.

Letra: Manuel Alegre
Música: José Niza

2010-01-06

Casida del llanto

He cerrado mi balcón
porque no quiero oír el llanto
pero por detrás de los grises muros
no se oye otra cosa que el llanto.

Hay muy pocos ángeles que canten,
hay muy pocos perros que ladren,
mil violines caben en la palma de mi mano.
Pero el llanto es un perro inmenso,
el llanto es un ángel inmenso,
el llanto es un violín inmenso,
las lágrimas amordazan al viento
y no se oye otra cosa que el llanto.


Federico García Lorca

Amor dorido

Mentem os que dizem que já não gosto de ti. Não é verdade. Nunca deixei de gostar, nem poderia. O que tenho por ti, agora, é uma ternura magoada, ternura zangada, como uma filha que se zangou com a mãe e saiu de casa sem olhar para trás. É que tu já não és a mesma de outros tempos. Falta-te o brilho que te conheci, falta-te o Sol. Agora és só fria e só cinzenta. Os rostos fechados, metidos para si dos teus outros filhos. Não te perdoo teres-te vendido assim. Com medo do velho entregaste-te a uma novidade que só te trouxe desamores. Entregaste-te a promessas de um mundo novo. Querias uma vida nova e esqueceste-te da velha poesia, do velho teatro, da velha música que faziam de ti única. E, cega, não vês que quem te consome assim não merece essa beleza só tua. Queres parecer bem a quem te vê de fora e vendes o que não é teu, enfeitas-te com cores que não são tuas. Enquanto isso esqueceste-te de cuidar tudo o que tinhas de autêntico e agora, tudo o que os teus filhos amavam em ti são só ruínas de um passado doce. Eras para mim a mais bonita, a mais sorridente, a mais forte e insubmissa, a mais criativa e diferente e agora és só vulgar. Uma desilusão. Mas não deixei de gostar de ti. Foi das tuas entranhas que surgi, foste tu que me esculpiste, que me ensinaste o que sou. Foi no teu chão que aprendi que é em ti que uma árvore tem as raízes mais fundas e assim também um homem não pode arrancar as suas raízes de ti. O meu amor é agora desencanto mas, ainda assim, amor. Hei-de voltar sempre e procurar essa casa que ultimamente não tenho encontrado. E sei, porque sei!, que um dia vais voltar a ter essa luz que te roubaram, pela força das mãos daqueles homens e mulheres (os mais bonitos) que nunca se esqueceram do que já foste.

Para a minha terra, a minha casa, Évora.

2010-01-04

Os Bonecos Mais Bonitos do Mundo

Quem me conhece sabe da minha paixão pelo Teatro e do meu especial carinho pelas Marionetas. Muita culpa, provavelmente, do CENDREV e da BIME. Os Bonecos de Santo Aleixo são, para mim, os bonecos mais bonitos do Mundo e as pessoas que os manipulam são as mais talentosas. Não é muito fácil explicar o que torna os bonecos tão especiais, é um misto de tradição, música,  humor, pronúncia e Alentejo. É uma coisa tão, tão nossa, que sinto sempre (muito pretensiosamente, admito), que alguém que não seja alentejano, por muito que veja e que aprecie nunca poderá sentir autenticamente o que são os bonecos. Ainda assim acredito que ninguém devia ficar sem os conhecer. Há muito que procuro vídeos na net sobre os bonecos e finalmente o CENDREV fez dois vídeos que mostram muito bem o que são estas pequenas maravilhas. Melhor, só ir ao teatro vê-los.



Inquietação - José Mario Branco



A contas com o bem que tu me fazes
A contas com o mal por que passei
Com tantas guerras que travei
Já não sei fazer as pazes
São flores aos milhões entre ruínas
Meu peito feito campo de batalha
Cada alvorada que me ensinas
Oiro em pó que o vento espalha
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está pra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Ensinas-me fazer tantas perguntas
Na volta das respostas que eu trazia
Quantas promessas eu faria
Se as cumprisse todas juntas
Não largues esta mão no torvelinho
Pois falta sempre pouco para chegar
Eu não meti o barco ao mar
P'ra ficar pelo caminho
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que está p'ra acontecer
Qualquer coisa que eu devia perceber
Porquê, não sei
Porquê, não sei
Porquê, não sei ainda
Cá dentro inquietação, inquietação
É só inquietação, inquietação
Porquê, não sei
Mas sei
É que não sei ainda
Há sempre qualquer coisa que eu tenho que fazer
Qualquer coisa que eu devia resolver
Porquê, não sei
Mas sei
Que essa coisa é que é linda

Arctic Monkeys - Old Yellow Bricks


Rota de colisãO

Lá, entre o Sol e o Si